O avião cinzento que acendia luzes
Ainda hoje me lembro daquele Natal… Tinha levado todo o ano a pedir aos meus Pais aquele avião! Era um avião cinzento, que enquanto andava acendia luzes, no seu interior tinha um carro que descia, o sonho de qualquer criança! Era o meu sonho…tinha o visto na montra do Senhor Mata, na rua das lojas, e desde esse dia se tinha tornado o meu maior desejo, o desejo da prenda de Natal perfeita… não dormia a pensar nas brincadeiras que iria fazer com ele, sempre que me perguntavam o que queria a minha resposta era: o avião da Montra do Senhor Mata…
Nesse Natal, passado muito tempo, não imaginava que a minha mãe me tinha preparado tamanha surpresa, dentro da última caixa que abri, estava ele… o avião com que tinha sonhado, a alegria foi enorme, lembro-me de o desembrulhar, lembro-me do sorriso de toda a família a olhar para mim enquanto o abria. Mas a minha alegria foi curta, as minhas inocentes mãos não foram seguras o suficiente para o segurar, toda a minha alegria de o receber se transformou em altura, altura para a sua queda…
Sem ter tido tempo de brincar, lá estava ele, partido junto dos meus pés, sem existir forma do arranjar… sem ter tido tempo de o fazer entrar nas brincadeiras que tinha sonhado!!!
Ainda hoje guardo aquele avião cinzento que acendia luzes, dentro da caixa de onde saiu apenas para se partir a meus pés, por eu não o ter agarrado com a força que ele merecia…
Ainda hoje me lembro daquele Natal…
Ainda hoje dou por mim a abrir a caixa e olhar para ele com saudade…
A mesma saudade com que te vou recordar, por as minhas mãos continuarem pequenas!
“Um beijo, para quem nunca o imagina receber…”
p.h.