sexta-feira, janeiro 13, 2006

Vítor e o Editorial.

Vítor Serpa é o Director do Jornal "A Bola".
Como o próprio nome indica, este jornal, desportivo, trata, sobretudo de futebol, mas não só, guardando um par de páginas para outras modalidades no final do mesmo.
Como director do jornal, Vítor Serpa, escreve, de vez em quando (penso que de dois em dois dias) o Editorial do jornal, na última página.
Anteontem, o tema que abordava era o Rali Dakar, e logo na sua pior faceta. Depois de, no dia anterior, o motard australiano Andy Caldecot não ter sobrevivido a uma queda, durante a especial da nona etapa, aquele que é o responsável máximo pelo jornal, escreve que se calhar se devia repensar o Dakar, na medida em que quase todos os anos ocorrem mortes no decorrer desta prova, sugerindo mesmo que este não tinha muito mais razão de ser, por esta causa...
Ninguém é dono da razão, mas parece-me a mim que este senhor deveria pelo menos pensar mais à frente que um simples jornalista que escreve um artigo para o jornal.
Para se ser director de um jornal desta natureza, parece-me que é claro que se tem de ser um grande apreciador daquele que é o maior desporto a nível mundial, o futebol, e compreendo até que este jornal dedique quase a sua totalidade a este desporto. Compreendo também que qualquer pessoa possa não ser amante dos desportos automóveis, mas se esta pessoa for o director de um jornal, se calhar tem de ter uma outra abordagem quando fala nesses desportos no Editorial do seu jornal.
Eu também não compreendo que se façam subidas ao Everest; que hajam pessoas que pura e simplesmente queiram ter o prazer de lá chegar a cima e voltar a descer, com fortes probabilidades de morrerem congelados na tentativa... ...mas não é por isso que os condeno...
Se calhar, para muita gente, o futebol também não faz sentido! Se calhar não faz sentido quando se mata um jogador por marcar um auto-golo numa final do Campeonato do Mundo! Se calhar não faz sentido quando vemos jovens jogadores a cair nos relvados para não mais se levantarem. Se calhar não faz sentido quando caem bancadas inteiras de um estádio de futebol. Se calhar não faz sentido quando hooligans matam adeptos adversários. Não seriam estas boas razões, para o senhor Vítor Serpa perguntar se não se deveria acabar com o futebol? Se calhar para ele não, só porque gosta dele...
O Dakar, é para muita gente, aquilo para que vivem durante todo o ano. A capital do Senegal não é para eles só mais uma cidade, mas a cidade onde acaba o mais duro e mais mítico Rali do Mundo.
Para outros, Dakar significa um sonho de uma vida, como para muitos é jogar à bola em frente de uma imensidão de adeptos na bancada...
E para outros ainda, significa esperança... Esperança que, por exemplo, vem de camião, integrado na caravana do Dakar, sob a forma da "Fundación Dakar Solidario", que este ano já deixou só num hospital no Mali medicamentos para um ano inteiro, para além muito outro equipamento médico...
A morte de Andy Caldecot, que é uma das 23 entre pessoas ligadas ao Dakar, e uma das 40 directamente ligadas a este e em número muito inferior a todas aquelas que o futebol já originou; não deve ser em vão, e deve tentar fazer-se o possível para que situações como esta deixem de acontecer, mas daí a acabar com a prova não será, porventura, um exagero, senhor Vítor?

1 Comments:

Por volta das 3:22 da tarde, Blogger Jörz achou que...

Claro que devem ser tomadas medidas, quer seja relativamente à assitência médica aos pilotos, quer ao nível da segurança dos mesmos. O simples facto de ser um desporto que move paixões, independentemente do número de adeptos, é motivo mais que suficiente para a sua existência, e quer gostemos ou não, temos que respeitá-lo!

 

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